Taxonomia De Bloom Revisada Uso De Substantivos E Verbos Nos Objetivos De Aprendizagem

by Scholario Team 87 views

Introdução à Taxonomia de Bloom Revisada

A Taxonomia de Bloom, um modelo clássico na área da educação, passou por uma revisão significativa em 2001, liderada por Lorin Anderson e David Krathwohl. Essa revisão manteve a essência da taxonomia original, mas introduziu mudanças importantes, especialmente na forma como os objetivos de aprendizagem são descritos. A versão original, publicada em 1956, focava-se em substantivos para descrever as categorias de conhecimento, enquanto a revisão de 2001 trouxe uma abordagem mais dinâmica e orientada para a ação, utilizando verbos para definir os processos cognitivos. Essa mudança reflete uma compreensão mais profunda de como os alunos aprendem e como os objetivos de aprendizagem devem ser formulados para promover um aprendizado eficaz. A revisão da Taxonomia de Bloom não apenas atualizou a linguagem utilizada, mas também reorganizou as categorias, tornando-as mais relevantes para o contexto educacional contemporâneo. Se antes a taxonomia era vista como uma hierarquia estática, a versão revisada a apresenta como um processo dinâmico e interativo, onde as habilidades cognitivas se desenvolvem de maneira integrada. A principal mudança reside na transição de substantivos para verbos, o que permite que os educadores criem objetivos de aprendizagem mais claros, mensuráveis e alinhados com as necessidades dos alunos. Além disso, a revisão incorporou novas dimensões ao modelo, como a dimensão do conhecimento, que detalha os tipos de conhecimento que os alunos devem adquirir, e a dimensão cognitiva, que descreve os processos mentais envolvidos no aprendizado. Essa abordagem multidimensional oferece um quadro mais completo e abrangente para o planejamento curricular e a avaliação do aprendizado. A Taxonomia de Bloom revisada, portanto, é uma ferramenta essencial para educadores que desejam promover um aprendizado significativo e duradouro em seus alunos.

A Mudança Crucial: Substantivos Versus Verbos

Na taxonomia original de Bloom, as categorias de objetivos de aprendizagem eram expressas principalmente por substantivos. Por exemplo, as categorias eram Conhecimento, Compreensão, Aplicação, Análise, Síntese e Avaliação. Essa abordagem, embora útil, tinha suas limitações. Os substantivos podem ser interpretados de maneiras diferentes, tornando os objetivos de aprendizagem menos claros e mensuráveis. A revisão de 2001 trouxe uma mudança fundamental ao substituir os substantivos por verbos. As categorias revisadas passaram a ser: Lembrar, Entender, Aplicar, Analisar, Avaliar e Criar. Essa mudança não foi apenas uma questão de semântica; ela refletiu uma mudança na forma como os educadores pensam sobre o aprendizado. Os verbos descrevem ações, processos que os alunos devem ser capazes de realizar. Isso torna os objetivos de aprendizagem mais tangíveis e orientados para a ação. Ao usar verbos, os educadores podem especificar com mais precisão o que os alunos devem ser capazes de fazer ao final de uma unidade de estudo ou curso. Por exemplo, em vez de um objetivo vago como "Compreensão dos conceitos de biologia", um objetivo revisado poderia ser "Explicar os conceitos de biologia em suas próprias palavras". Essa abordagem orientada para a ação também facilita a avaliação do aprendizado. Os educadores podem usar os verbos nos objetivos de aprendizagem como base para criar atividades e avaliações que meçam diretamente a capacidade dos alunos de realizar as ações descritas. Além disso, a mudança para verbos alinha a taxonomia com as práticas pedagógicas modernas, que enfatizam o aprendizado ativo e a participação dos alunos. Ao se concentrarem nas ações que os alunos devem realizar, os educadores podem criar experiências de aprendizado mais envolventes e significativas. A revisão da Taxonomia de Bloom, ao enfatizar o uso de verbos, proporcionou aos educadores uma ferramenta mais eficaz para planejar, implementar e avaliar o aprendizado.

Impacto da Revisão nas Categorias da Taxonomia

A revisão da Taxonomia de Bloom em 2001 não se limitou apenas à mudança de substantivos para verbos; ela também reorganizou e clarificou as categorias da taxonomia. A categoria Conhecimento, na versão original, foi renomeada para Lembrar na versão revisada. Lembrar refere-se à capacidade de recuperar informações relevantes da memória de longo prazo. Isso inclui reconhecer, recordar e listar fatos, termos e conceitos básicos. A categoria Compreensão permaneceu, mas foi redefinida para enfatizar a capacidade de construir significado a partir de materiais instrucionais, incluindo comunicação oral, escrita e gráfica. Entender envolve interpretar, exemplificar, classificar, resumir, inferir, comparar e explicar. A categoria Aplicação também foi mantida, mas com uma ênfase maior na capacidade de usar informações em novas situações. Aplicar envolve executar, implementar e usar informações em contextos práticos. A categoria Análise foi mantida e aprimorada para refletir a capacidade de dividir o material em suas partes constituintes e determinar como as partes se relacionam umas com as outras e com uma estrutura ou propósito geral. Analisar envolve diferenciar, organizar e atribuir. A categoria Síntese, que na versão original envolvia a combinação de elementos para formar um todo coerente ou funcional, foi renomeada para Criar na versão revisada. Criar é a categoria mais alta na taxonomia e envolve gerar, planejar e produzir novas ideias, produtos ou formas de ver as coisas. A categoria Avaliação, que na versão original envolvia a capacidade de julgar o valor do material para um determinado propósito, foi mantida, mas com uma ênfase maior na capacidade de justificar uma decisão ou curso de ação. Avaliar envolve verificar e criticar. Essas mudanças nas categorias da taxonomia refletem uma compreensão mais profunda dos processos cognitivos envolvidos no aprendizado. A revisão tornou a taxonomia mais clara, mais útil e mais alinhada com as práticas pedagógicas modernas. Ao usar a taxonomia revisada, os educadores podem criar objetivos de aprendizagem mais eficazes e atividades de avaliação mais significativas.

Exemplos Práticos na Biologia

Para ilustrar como a revisão da Taxonomia de Bloom impacta a prática educacional, vamos considerar alguns exemplos práticos na área da biologia. Imagine que um professor está planejando uma unidade sobre o sistema respiratório. Usando a taxonomia original, um objetivo de aprendizagem poderia ser "Conhecimento do sistema respiratório". Este objetivo é vago e não especifica o que os alunos devem ser capazes de fazer para demonstrar esse conhecimento. Usando a taxonomia revisada, o professor pode criar objetivos mais específicos e orientados para a ação. Por exemplo, na categoria Lembrar, um objetivo poderia ser "Listar as principais partes do sistema respiratório". Na categoria Entender, um objetivo poderia ser "Explicar como o oxigênio é transportado do pulmão para as células". Na categoria Aplicar, um objetivo poderia ser "Usar um modelo para demonstrar o processo de respiração". Na categoria Analisar, um objetivo poderia ser "Comparar e contrastar a respiração em diferentes animais". Na categoria Avaliar, um objetivo poderia ser "Avaliar os efeitos da poluição do ar no sistema respiratório". E, finalmente, na categoria Criar, um objetivo poderia ser "Projetar um dispositivo para melhorar a qualidade do ar em um ambiente fechado". Esses exemplos demonstram como a taxonomia revisada pode ajudar os professores a criar objetivos de aprendizagem mais claros, mensuráveis e alinhados com os diferentes níveis de complexidade cognitiva. Ao usar verbos para descrever os objetivos, os professores podem especificar com mais precisão o que os alunos devem ser capazes de fazer e, assim, criar atividades de aprendizado e avaliações mais eficazes. Além disso, a taxonomia revisada pode ajudar os professores a diferenciar o ensino, oferecendo diferentes níveis de desafio para atender às necessidades de todos os alunos. Por exemplo, alguns alunos podem se concentrar em lembrar e entender os conceitos básicos, enquanto outros podem avançar para analisar, avaliar e criar. A revisão da Taxonomia de Bloom, portanto, oferece aos professores de biologia (e de outras disciplinas) uma ferramenta valiosa para promover um aprendizado mais profundo e significativo.

Considerações Finais e a Importância Contínua da Taxonomia de Bloom

A revisão da Taxonomia de Bloom em 2001 representou um avanço significativo na forma como os educadores abordam o planejamento curricular e a avaliação do aprendizado. A mudança do uso de substantivos para verbos na descrição dos objetivos de aprendizagem tornou a taxonomia mais prática, clara e alinhada com as práticas pedagógicas modernas. A taxonomia revisada oferece um quadro de referência valioso para os educadores que desejam promover um aprendizado mais profundo e significativo em seus alunos. Ao usar a taxonomia revisada, os educadores podem criar objetivos de aprendizagem que são mais específicos, mensuráveis e orientados para a ação. Eles também podem criar atividades de avaliação que medem diretamente a capacidade dos alunos de realizar as ações descritas nos objetivos. Além disso, a taxonomia revisada pode ajudar os educadores a diferenciar o ensino, oferecendo diferentes níveis de desafio para atender às necessidades de todos os alunos. A Taxonomia de Bloom, tanto em sua versão original quanto na revisada, continua sendo uma ferramenta essencial para os educadores. Ela oferece um vocabulário comum e um quadro de referência para discutir e planejar o aprendizado. Ao usar a taxonomia, os educadores podem garantir que seus alunos estejam desenvolvendo uma ampla gama de habilidades cognitivas, desde lembrar fatos básicos até criar novas ideias e soluções. A revisão de 2001 fortaleceu ainda mais a relevância e a utilidade da Taxonomia de Bloom, tornando-a uma ferramenta indispensável para os educadores do século XXI. A Taxonomia de Bloom é mais do que apenas uma lista de categorias; é uma filosofia de ensino e aprendizado que enfatiza a importância de um aprendizado profundo, significativo e duradouro. Ao usar a taxonomia revisada, os educadores podem ajudar seus alunos a desenvolver as habilidades cognitivas necessárias para ter sucesso no século XXI e além.